sexta-feira, 10 de julho de 2009

Qualidade de Vida sem Incontinência Urinária

Este blog começa com uma entrevista feita comigo em 2008 para uma revista de circulação regional sobre os distúrbios miccionais, seus mitos e formas de tratamentos atuais.

Qualidade de Vida sem Incontinência Urinária

Tossir, pular, espirrar, gargalhar, correr, agachar-se... o que para uns pode ser considerado uma tarefa normal do dia, para outros pode ser sinônimo de limitação e muito constrangimento. Quem nunca experimentou a sensação de perda de urina ao tossir ou espirrar?
Na maioria das vezes, essa perda é sentida e considerada fato normal do processo de envelhecimento ou do organismo! Na verdade, essa teoria está totalmente equivocada!
Segundo Dra. Ana Maria Luna Ramalho (Especialista em Uroginecologia pela UNIFESP):

“As perdas urinárias, são, na maioria dos casos, ignoradas pelos pacientes pela falta de informação quanto a doença, sua progressividade e as formas de tratamentos inovadoras com resultados de melhora e cura em aproximadamente 87% dos casos”.

Pode ser considerada como incontinência urinária, toda perda de urina contínua ou em gotas através do canal da uretra experimentada a pequenos, médios ou grandes esforços, tais como: tossir, espirrar, correr, pular, pegar peso, agachar, etc. Em todas situações onde há um aumento da pressão intra abdominal associada a fraqueza dos músculos do assoalho pélvico favorecem o aparecimento desses sintomas.
Esses músculos podem se enfraquecem por inúmeras causas tais como: menopausa, obesidade, tabagismo, sedentarismo, alteração da posição da bexiga (tanto em homens quanto em mulheres), número de gestações e parto, após cirurgias pélvicas (levantamento de bexiga, cirurgias de próstata, cirurgias perineais), atividades de impacto constantes (em atletas), distúrbios neurológicos (acidente vascular, trauma raquimedular, parkinson), etc.
Em verdade, a incontinência urinária torna-se mais freqüente em pacientes acima dos 60 anos, pois o processo de envelhecimento promove uma redução do número de fibras musculares que atuam no mecanismo de continência através do fechamento do esfíncter da uretra, (veja a figura ao lado). No entanto, de acordo com os fatores citados acima, esse esfíncter pode enfraquecer-se em indivíduos jovens inclusive em homens.
Existem vários tipos de incontinência urinária: a perda de urina que se manifesta em situações nas quais há um aumento súbito da pressão abdominal – como no ato de tossir, pular, espirrar é conhecida clinicamente como “incontinência urinária de esforço”. Uma outra forma de incontinência se caracteriza pela sensação de urgência; isto é, há um intenso (e urgente) desejo de esvaziar a bexiga, entretanto a paciente não consegue inibir esse desejo, perdendo urina antes de chegar ao toalete. Nestes casos, há uma contração prematura e irrefreável do detrusor (músculo da beixga), fazendo com que o reflexo de esvaziamento aconteça sem que a bexiga esteja cheia - como ocorre na cistite (inflamação da bexiga), porém, aqui, há uma importantíssima diferença: não há infecção.
A incontinência urinária não é uma doença em si, e sim um sintoma que, como visto, pode ter diversas causas e formas de tratamento as quais incluem:
- medicamentosas, para incontinência leve a moderada;
- cirúrgicas para incontinência grave e;
- conservadora para incontinência leve, moderada e pré e pós cirúrgicas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), tem recomendado o tratamento conservador, fisioterapêutico, como a medida primária para a incontinência urinária pelos excelentes resultados, baixo custo e efeitos colaterais nulos.
A fisioterapia uroginecológica conta com equipamentos de alta tecnologia com o uso de aparelhos que visam o fortalecimento e treinamento da bexiga de forma ativa pelo paciente sendo totamente monitorado pelo computador. Essas modalidades incluem o fortalecimeto da bexiga através da eletro estimulação perineal associada ao biofeedback o qual irá promover o treinamento ativo. Com a evolução da terapia pode-se alternar para exercícios perineais em ambiente clínico até a consciência total e alta para exercícios domiciliares.
A perda involuntária de urina gera comprometimentos devastadores à qualidade de vida das pessoas. Sentimentos como vergonha, ansiedade, frustração, depressão e medo geralmente estão associados à incapacidade de retenção urinária, levando seus portadores(as) a um permanente estado de angústia e a um progressivo isolamento social.
Além dos comprometimentos emocionais, enquadram-se também as alterações no sono provocada pelo aumento das idas ao banheiro durante a noite, cansaço físico e indisposição para atividades do dia a dia.
É interessante lembrar, que a fisioterapia uroginecológica atua também nas disfunções sexuais, pois os mesmos músculos que atuam no processo de continência urinária, realizam a manutenção da força de tensão do canal da vagina o qual promove a flacidez perineal e inibe a sensibilidade feminina e masculina durante as relações sexuais. Dessa forma, é grande o número de pacientes com queixas de anorgasmia (falta de orgasmo), lubrificação ineficaz e até mesmo dor durante a relação sexual, onde os recursos podem ser empregados, de forma satisfatória, também nesses casos.
“ A vida é repleta de muitos prazeres, para uma vida plena e saudável, não é preciso abrir mão de absolutamente nenhum deles. Consciência e atitude fazem parte integral da cura para os distúrbios perineais”. diz Dra. Ana Maria Luna Ramalho.

______________________________________________________________ Dra. Ana Maria Luna Ramalho
CREFITO 58504-F